PROFC110 – Mito, Geografia e Educação antirracista

PÚBLICO ALVO
O curso de formação continuada Mito, Geografia e Educação antirracista é direcionado para professores que ensinam conteúdos de Geografia no Ensino Fundamental - Anos Finais, no Ensino Médio e na Educação de Jovens e Adultos.
MODALIDADE
O curso poderá ser oferecido nas seguintes formatos: presencial, semipresencial e à distância
CERTIFICAÇÃO
Certificação de Curso de Extensão emitido pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
TEMÁTICAS
O lugar do mito na construção do pensamento humano
Os limites do mito e da ciência – as relações assimétricas de poder
Exemplos de narrativas mitológicas acerca do continente africano e da cultura afrobrasileira
OBJETIVO
Compreender como os mitos foram/são importantes para a construção do pensamento humano.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Compreender o mito enquanto conceito e tipo de conhecimento.
Estabelecer as relações entre mito, ciência e poder
Identificar a construção de mitos a partir de imagens e discursos na geografia.
Reconhecer a importância das narrativas mitológicas para uma educação antirracista
Valorizar a cultura e história africana na cultura afro-brasileira.
Reconhecer possibilidades de estudo e trabalho com as questões étnicas e raciais
JUSTIFICATIVA
A necessidade de articular conhecimento mitológico com cientifico, com o cuidado de não reduzir o primeiro a lendas, folclores e histórias fantásticas, mas também, como todos os saberes que podem ser utilizados enquanto narrativas passadas de geração para geração, e que dão o sentido de explicar a realidade-mundo, tornando-o inteligível, lógico. Assim, antes mesmo de existir uma ciência que explicasse o mundo, os mitos já cumpriam esse papel e exerciam a função de desvendar todos fenômenos do universo.
Dessa forma, o mito está necessariamente ligado ao primeiro conhecimento que sociedade, enquanto saber que é adquirido de si mesmo, a partir natureza sobrenatural (apesar de ter história, não espaço-temporalidade). Neste sentido, para as primeiras sociedades não existiam duas imagens do mundo; uma objetiva e outra mística, mas uma leitura única da paisagem. E não por muito tempo, os mitos foram desprezados como explicação e, especialmente as mitologias indígenas e africanas, em grande parte tratadas na escola brasileira como lendas, mentiras ou ‘historinhas’. Neste sentido, os diferentes campos científicos, bem como os agentes hegemônicos se utilizaram dos mitos para a construção de imagens e narrativas racistas próprias, por exemplo aquelas até hoje estimuladas para explicar o continente africano e da população negra no Brasil. A questão do curso então é valorizar o mito enquanto conhecimento, e enquanto estratégia de identificação de geometrias do poder, sobretudo, quando são usados para dominação, subalternização, inferiorização, violência e opressão.
Uma educação popular de base antirracista pode ajudar a romper essas perspectivas, já que oferece reflexões sobre a importância de articulação dos diferentes conhecimentos, sobretudo, por que eles fazem parte da formação de um pensamento próprio, que não é racional e científico o tempo todo. Além disso, os mitos podem ser operados para destacar a necessidade do reconhecimento e da importância das narrativas mitológicas como estratégia de preservação da história-memória dos povos e comunidades originários e tradicionais, e como mecanismo de luta por direitos sociais e de combate ao racismo.